A depressão é entendida na Psicanálise como sendo um estado psicológico que exagera, intensifica e/ou prolonga uma resposta esperada para a perda, a ausência ou a indisponibilidade de algo ou alguém. Por esse motivo, aparece, na clínica, sob as expressões da tristeza, lentidão do pensamento e da fala, perda de sentido na vida, dor existencial e corpórea e culpabilizações. Além disso, é entendida enquanto uma patologia narcísica, e isto não significa egoísmo: para a psicanálise o narcisismo diz respeito à estrutura de identidade do sujeito, da conquista da unidade e do senso de si. Portanto, por ser uma patologia narcísica, a depressão confunde e prejudica o senso de identidade do sujeito, fazendo ele tornar-se refém de concepções distorcidas acerca de si mesmo, como as punições, o rebaixamento da autoestima e as crenças de não merecimento. Ao adoecer, o sujeito retira o seu desejo do mundo, tendo de se a ver com um vazio existencial, já que sente-se refém da doença, isolando-se em uma redoma de tristeza e angústia.
O tratamento da depressão, através da psicoterapia de orientação psicanalítica, perpassa, portanto, primeiro pela reconstituição do sofrimento psíquico, pois será preciso compreender as causas da produção do sintoma depressivo, depois será preciso entender quais foram as perdas que afetaram a identidade/senso de si do sujeito e, por fim, produzir, em trabalho analítico, alternativas e caminhos para a reconstituição subjetiva.
Há caminhos, alternativas e futuro para aqueles que se veem sozinhos e sem rumo frente o sofrimento psíquico.